domingo, 30 de maio de 2010

Medos

Hoje tive muito medo, pois achei que não conseguiria fazer a prova do Concurso que me inscrevi. Medo de não conseguir sair da cama; medo de ter pensamentos ruins; medo de não ficar bem e ficar apavorada na hora de entrar na sala para realizar o teste. Medo de fracassar...

Contudo, me surpreendi porque levantei bem, passei a manhã quase que tranquila (um pouco ansiosa e fumando mais do que o normal, é certo, porém equilibrada). Fiz uma refeição leve, me arrumei e caminhei até o local destinado. Fiz a prova! Se eu fui bem, não sei, mas enfrentei meus fantasmas.

Apresento aqui um texto muito bom que fala sobre o medo e me ajudou a entender melhor que "A única coisa da qual devemos ter medo é do próprio medo." (Franklin Roosevelt)


Mas afinal o que é o medo?

O processo de criação do medo acontece no cérebro. As causas podem ser reais ou inconscientes. Medo de ir, medo de sair, medo de uma consulta, medo de sofrer, medo de se envolver e sofrer, medo de preconceito, medo de fracassar, medo de não ser aceito, etc.. etc…

Não são os medos previsíveis, reais e sim os medos possíveis que nos fazem perder a noção da realidade, que nos paralisam, que dificultam nossa vida e nossas decisões. O medo da vida com suas inseguranças, automaticamente nos leva a recuar diante do viver intensamente ou do desfrutar as ocasiões e as oportunidades. É certo que, diante de tantos acontecimentos brutais, a insegurança é a tônica em nosso dia a dia. O lazer tornou-se moderado e restrito a determinados lugares e horários. É sábio o cuidado e a ponderação na escolha das saídas e igualmente necessário. Esses são os medos reais. Mas e aqueles que provocam uma ruptura em nosso viver?

Como são mencionados acima, é frequente ouvir:

“Não quero me envolver, porque tenho medo de sofrer.”

“Não quero fazer determinado exame, porque não quero saber o que eu tenho.”

“Não posso ir lá, porque tenho medo que tal e tal possa me suceder.”

Esse é o medo castrador que ultrapassa o bom senso e vai além daquilo que é saudável para nossa vida. Há limites nesse medo.

Precisamos da sagacidade para distinguir esses dois tipos de medo, onde o primeiro nos coloca em vigilância e prudência de comportamento e o outro nos tira “vida”, nos tira perspectiva, nos enclausura, nos aprisiona, nos coloca ilusoriamente protegidos, mas ao mesmo tempo infelizes por não nos permitir participar ativamente de algo que nos faz bem. O medo das pessoas é muito frequente; medo de ser julgado e mal interpretado e por isso omitimos nossas opiniões; não queremos ser vistos, observados, evitando assim um comentário sobre nossa aparência, etc… Isso tudo nos coloca num conflito, pois o ser humano precisa do contato humano, precisa da porção lazer, precisa da amizade e mais que tudo, precisa sim, ser confrontado com as ousadias do desconhecido para crescer e amadurecer.

Geralmente o – deixar de ir implica na visão somente de um lado: o negativo. E quem disse que o contrário não pode acontecer? É um exercício de desafios e de fé. Um desafio que nos coloca em posição de alerta sim, mas nos empurra a desfrutar da porção boa e gratificante que é viver dos momentos bons com que nos deparamos.

Mas o medo está sempre presente, até como sinal de alerta e nos obrigando muitas vezes a sermos mais fortes que o próprio medo e construir algo melhor.
(Texto recebido por e-mail de MFernanda Picoto - Imagens Thê Procopio)